quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

As Esganadas - Jô Soares


Em As Esganadas, Jô Soares retoma o romance policial de época. Assim como em obras anteriores, o autor volta ao passado para contar sua história. Uma história que, como sempre, tem seu toque característico de humor.
O livro gira em torno de um serial killer de gordas. O que é interessante na história é que desde o começo o leitor sabe quem é o assassino. O que nos prende à leitura é o suspense bem amarrado, que nos faz querer saber o desenrolar do enredo e como o assassino vai ser descoberto.
Tudo se passa no Rio de Janeiro da década de 30. Caronte, o serial killer de gordas, é dono de funerária. Sua loucura foi causada por sua mãe, que o infernizou até sua morte. Como não poderia deixar de ser, sua mãe era gorda. Por causa do trauma, ele passa a procurar vítimas como ela, as matando de tanto comer. E quem o persegue é a impagável equipe formada pelo ranzinza delegado Noronha, seu fiel escudeiro inspetor Calixto, o adorável português Tobias Esteves e a destemida repórter Diana.
No livro fatos históricos reais se entrelaçam com a ficção, o que faz com que o leitor se divirta tanto com cenas improváveis quanto com lugares, ruas e fatos que realmente ocorreram. Com certeza, fruto de uma enorme e detalhada pesquisa histórica.
Mais uma vez, Jô Soares mostra que é um excelente escritor e que sempre vale a pena ler suas obras.

4 estrelas

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O Pai dos Burros - Humberto Werneck


Ao longo de mais de três décadas o jornalista e escritor Humberto Werneck alimentou um hábito: o de juntar frases prontas, aquelas que todo mundo conhece e repete, os famosos lugares-comuns. Anotava em qualquer coisa que estivesse por perto, de papel de pão a maço de cigarro, e guardava tudo em um envelope.
O tempo foi passando e a coleção de frases foi crescendo muito, até que virou um livro: Pai dos Burros - Dicionário de lugares-comuns e frases feitas.
Um apanhado das frases mais repetidas, vale a diversão de ler aquelas expressões já bem batidas e procurar aquelas que nós mesmo usamos sempre. Eu, por exemplo, acabei rindo ao ler "lépido e fagueiro", "reza a lenda" e "recolher-se a sua insignificância", frases que eu uso com certa frequência.
Admito que achei que as expressões, ao menos algumas delas, viessem acompanhadas de explicações ou curiosidades sobre o surgimento ou significado das frases, mas trata-se apenas de uma compilação, o que me decepcionou levemente. Mas nada que diminua a graça do livro. É interessante, leve e rápido de ler.

3 estrelas

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Carta ao Pai - Franz Kafka

Para quem está esperando uma escrita fantástica e insetos, pode esquecer. No entanto, como é característico de Kafka, a frieza, o detalhamento e a densidade emocional estão bem presentes.
Esta obra é, como o próprio título diz, uma carta de Franz Kafka destinada a seu pai, Hermann Kafka. Apesar de escrita, reescrita e revisada inúmeras vezes, a carta nunca foi enviada e, como grande parte de sua obra, foi publicada postumamente.
A carta é uma espécie de acerto de contas com o pai. Nela, Kafka explicita todas suas dores. Explica sua relação com seu pai desde sua infância até o momento em que escrevia, deixando bem clara a postura dominadora, arrogante e egoísta de Hermann Kafka e como o relacionamento entre pai e filhos foi sempre tenso. Fazendo uma análise de si mesmo, Franz Kafka indica que a opressão da figura forte e auto-suficiente do pai foi a causa da sua personalidade insegura e frágil, e consequentemente, todos os problemas e dificuldades causadas por sua introversão.
Mesmo com toda a emoção e sentimentos, a carta não é uma acusação nem tem tom de vingança ou repúdio, como seria de se esperar. É mais como uma divisão de culpas e responsabilidades, como se o autor quisesse deixar tudo dito e explicado, nada guardado. Simplesmente acertar tudo.
De certa forma, me senti como se eu fosse uma intrusa lendo aquela carta de um filho destinada a um pai. Como se eu não devesse ler aquilo, aqueles sentimentos que estavam expostos ali. Como se eu estivesse me intrometendo em uma história com a qual eu não tinha nada a ver, invadindo a privacidade dos dois. Mas essa sensação logo passou, e o que ficou foi a boa impressão sobre a escrita de Kafka, sobre os sentimentos expostos e, sobretudo, sobre a coragem para escrever aquilo, coragem que ele acreditava não ter.

4 estrelas

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Pantaleão e as Visitadoras - Mario Vargas Llosa


Sou meio suspeita para falar de qualquer livro de Mario Vargas Llosa. Meio não. Muito. Não posso dizer que tenho um autor preferido especificamente, mas tenho alguns autores preferidos e Vargas Llosa é definitivamente um deles. Para mim, qualquer livro dele é automaticamente muito bom e Pantaleão e as Visitadoras não é diferente.
O Pantaleão do título é o capitão Pantaleão Pantoja. Pantoja, ou Panta, como o chamam a mãe e a esposa, é membro do exército peruano apaixonado pelas forças armadas. Graças à sua disciplina e extrema dedicação, o capitão foi encarregado de desenvolver e gerir um projeto especial e confidencial: o serviço de visitadoras.
A soma do calor e umidade da selva com a falta de mulheres levou os soldados a cometerem uma série de estupros, atacando índias, mulheres de pescadores e moradoras de cidades próximas. Para resolver esse problema o exército idealizou o serviço de visitadoras, levando prostitutas até os soldados para aplacar seus ânimos.
Para manter o maior grau de confidencialidade possível, Pantoja deve se vestir como civil, não deixar ninguém desconfiar que seja membro do exército e esconder sua missão até mesmo da mãe e da esposa.
Enquanto o serviço de visitadoras prospera graças ao capitão (ganhando até mesmo o apelido de Pantolândia por parte da população horrorizada), uma seita religiosa ganha cada vez mais força, realizando sacrifícios animais e humanos, criando mártires e ocupando a polícia e o exército.
Como eu já disse no começo, eu sou bem suspeita para falar do autor. Para mim, não é fácil dizer o que é mais incrível no livro. Grande parte dele é contada através de memorandos, relatórios e cartas entre os oficiais peruanos. A história tem acontecimentos tão escrachados e caricatos que, de tão estranhos, acabam sendo completamente críveis. Além disso, Mario Vargas Llosa tem um jeito único e fantástico de escrever: em um mesmo parágrafo cenas são contadas ao mesmo tempo, histórias e personagens se cruzam e se misturam, pensamentos e falas são escritos juntos, a ligação espaço-tempo é quebrada a todo instante. A princípio, a leitura parece confusa e se demora um tempo para entender, mas uma vez que cai a ficha e a gente percebe como funciona a escrita de Vargas Llosa, tudo fica maravilhoso.
Vale lembrar que Mario Vargas Llosa ganhou o Nobel de Literatura em 2010 (antes tarde do que nunca), mais um motivo para as pessoas que precisavam de algum estímulo para ler alguma obra dele.
Definitivamente, Mario Vargas Llosa e seu Pantaleão e as Visitadoras merecem 5 estrelas!
5 estrelas

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Infâmia - Ana Maria Machado


Apesar de ser conhecida por seu premiado trabalho na literatura infantil, Ana Maria Machado nos traz desta vez o livro Infâmia, uma história densa e bem realista, que trata de escândalos e falsas alegações.
O livro conta duas histórias intercaladas e entrelaçadas. De um lado temos o embaixador Manuel Serafim Soares de Vilhena, que além de lidar com seus próprios problemas de saúde e suas consequentes incapacitações, tenta entender a morte de sua filha Cecília, anos antes.
A outra história é a do funcionário público Custódio Fialho Borges Filho, que tenta esclarecer um caso de corrupção na repartição onde trabalha e acaba sendo falsamente e publicamente acusado como autor dos delitos.
Através de pessoas em comum, as histórias se encontram e se misturam, esclarecendo detalhes e mostrando que a vida não parece em nada com um conto de fadas.
3 estrelas

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Cleópatra - Stacy Schiff


A proposta de Stacy Schiff foi desmitificar a última faraó do Egito. Praticamente tudo que sabemos sobre Cleópatra vem das versões contadas pelos romanos, que muito provavelmente não são versões  tão próximas da realidade como gostaríamos de acreditar. Os primeiros relatos sobre Cleópatra foram escritos pelos seguidores de Otaviano (depois chamado Cesar Augusto), seu maior inimigo e causador do fim de seu reinado e, conseqüentemente, de sua dinastia. É se de supor que não sejam os mais lisonjeiros, e os que vieram a seguir basearam-se nesses escritos.
Apesar disso, Schiff cercou-se das mais diversas fontes e conseguiu montar um quadro diferente. O que o livro mostra é uma Cleópatra extremamente inteligente, poliglota, carismática e muito assertiva. Ultrapassar o mito e compreender a pessoa foi difícil, mas a autora conseguiu uma visão quase livre das lendas que até hoje cercam Cleópatra e que a fizeram virar sinônimo de mulher sedutora e sem escrúpulos, que usa sua sexualidade para conseguir o que quer.
Essas histórias - que vão desde seus casos com Julio Cesar e Marco Antonio até seu suicídio - encobrem a real importância e o real significado da rainha. Elas nos fazem esquecer que em seus 22 anos de reinado Cleópatra reergueu a economia falida do Egito, governou a costa oriental do Mediterrâneo, custeou e forneceu alimentos e navios para batalhas romanas, além de estimular a produção intelectual em Alexandria.
O livro mostra uma mulher complexa, muito além da Cleópatra de Shakespeare e de Elizabeth Taylor. Por mais cativantes e geniais que estas versões sejam, a original é ainda mais incrível. Cleópatra, apesar de sua ascendência grega, já nasceu deusa e, antes mesmo de morrer, já era mito.

4 estrelas

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Os 13 Porquês - Jay Asher


Já aviso desde o começo: é um livro juvenil. Ou melhor, Young Adultcomo se diz agora.
Apesar dos pesares, não é um livro bobo. Ou melhor, é bobinho, mas não por completo. O autor se arriscou em um tema bem espinhoso: suicídio. Pior ainda, o suicídio de uma adolescente.
O que é bem interessante no livro é a maneira por meio da qual a história de Hannah Baker, adolescente que se suicidou, é contada. Ela resolve explicar sua decisão de uma forma incomum: ela gravou fitas cassete (sim, cassete. Ainda existem, aparentemente). São sete fitas, cada lado das fitas explicam um porquê, e a última fita só tem um lado gravado. Cada porquê é direcionado a uma pessoa, culpada de alguma coisa, e cada um que recebe as fitas, depois de ouvir, deve passá-las à pessoa seguinte mencionada na gravação. Cada passoa recebeu também um mapa, onde Hannah marcou lugares importantes à narrativa, ajudando as outras pessoas nas fitas a entender e acompanhar melhor a história na qual estão envolvidas. Além disso, a história é contada a partir da perspectiva de Clay Jensen, que recebe as fitas algumas semanas depois da morte de Hannah, e sua história se intercala com as gravações. Essas histórias e porquês aparentemente sem relação se interligam com o passar da história e explicam os motivos de Hannah.
É uma assunto delicado e tal, mas admito que, sem querer parecer insensível ou má, me pareceu às vezes (grande parte das vezes, aliás) que Hannah fazia muita tempestade em copo d'água. Obviamente, nem tudo que ela conta nas fitas é bobo, realmente coisas bem ruins aconteceram, mas parece meio forçado em certos momentos.
De qualquer forma, vale a leitura se esse tipo de "suspense adolescente/leitura sem compromisso" te agrada. Não é um grande livro, mas também não é tão ruim.

3 estrelas

O Andar do Bêbado - Leonard Mlodinow


O Andar do Bêbado - Como o acaso determina nossas vidas. Esse é o título completo. Por aí já se tem uma idéia do tema.
O físico Leonard Mlodinow conta a história da  probabilidade e da estatítica, de como foram descobertas e se desenvolveram até chegar ao que conhecemos hoje. Irreverente, Mlodinow se vale dos mais variados exemplos (diagnósticos médicos, sucessos ou fracassos de bilheteria no cinema, campeonatos de baseball e até julgamentos) para explicar da forma mais simples possível e de fácil compreensão como funcionam os processos aleatórios e como entendê-los.
Não é fácil o tempo todo, até por ser um tema complexo por si só. O autor tem o mérito de conseguir explicar o acaso e como ele funciona praticamente sem fórmulas ou equações. Sim, há muitos números no livro, mas é tudo tão destrinchado, tão explicado que dá a impressão de que poderíamos nos virar sem eles. Obviamente, não dá para explicar tudo assim, há certas passagens que exigem certo conhecimento matemático, mas Leonard Mlodinow faz você pensar, raciocinar, entender a lógica por trás daquilo, e não simplesmente ler ou decorar uma fórmula.
Vale mencionar aqui que eu sou péssima com qualquer tipo de atividade que envolva números, principalmente que envolva operações matemáticas. Aqui vos fala uma pessoa que nunca entendeu análise combinatória e foi reprovada em estatística na faculdade. Percebe-se o nível de dificuldade e falta de vontade que eu tenho com o tema. Se eu entendi o que Mlodinow explica, qualquer um entende. Como já disse, não é fácil sempre, mas vale o esforço não só para saber como as impressões e o senso comum podem nos enganar (e nos enganam) com freqüência, mas também, se você for como eu, pelas curiosidades e cultura inútil (em termos, obviamente).

4 estrelas

quarta-feira, 15 de junho de 2011

3096 Dias - Natascha Kampusch



Com certeza todos lembram da história da asutríaca Natascha Kampusch. Em 1998, aos 10 anos, Natascha foi sozinha para a escola pela primeira vez. No caminho, foi sequestrada e só conseguiu fugir em 2006, aos 18 anos. Esses 8 anos são contados em 3096 Dias, o tempo que Kampusch passou mantida refém por Wolfgang Priklopil, um engenheiro de telecomunicações. Priklopil tinha modificado o porão de sua casa, criando uma espécie de caixa-forte, de onde era impossível Natascha ver ou ouvir o exterior, tentar se comunicar e muito menos fugir. Ela descreve o caminho que se tinha de fazer para chegar ao porão e impressiona os vários obstáculos que criavam um nível de dificuldade imenso para acessar a câmara onde ela ficava presa, atrás de uma enorme porta de concreto armado de 150kg.
O livro não é uma grande obra literária. Não tem nenhum refinamento de forma nem de estilo. É o relato cru de uma menina que passou por horrores inimagináveis. Natascha não tenta ganhar a simpatia de quem lê, não tenta se passar por vítima frágil e indefesa. Ela simplesmente conta sua história, por vezes de forma espantosamente distante, como se não tivesse acontecido com ela. Apesar da fome, dos espancamentos, de ter a cabeça raspada e todas as outras torturas, Natascha admite que passou sim bons momentos com seu raptor, mas recusa-se a ser considerada vítima da Síndrome de Estocolmo. Conta que Priklopil a presenteava com livros, videogames e até a levou uma vez para esquiar. A única coisa que ela não revela é se foi violentada pelo sequestrador.
Em 23 de agosto de 2006, dia em que "Bibiana" (identidade adotada por Natascha no cativeiro) conseguiu escapar, Wolfgang Priklopil cometeu suícido jogando-se na frente de um trem.
O que me impressionou muito nesse livro foi a grande coragem que Kampusch teve de expor todos os detalhes das atrocidades que passou, meio que "dando a cara a tapa". Além de todo o sofrimento do sequestro, Natascha ainda precisou enfrentar o ceticismo de pessoas que não acreditaram em sua história, das que dizem que ela se aproveitou da atenção que recebeu e de outras que a acusam de não contar toda sua história. Conta como foi a fuga e o que se seguiu a ela: como foi tratada pela polícia, como foi recebida pela família,como foi a divulgação do caso e como a história se desenrolou a partir daí. Logo ela percebeu que tinha saído de uma prisão para outra. Para algumas pessoas, como o passar do tempo, simpatia e empatia deram lugar a desconfiança e ódio.
Por isso, Natascha diz constantemente em entrevistas que não tem que ficar se explicando ou se justificando e que não é obrigada a responder à todas as especulações acerca desses 8 anos.
Para quem tiver a curiosidade, procure fotos do cativeiro na internet para ter uma noção de como Natascha viveu nesse tempo. Percebe-se como, com o tempo, o porão pequeno e mal ventilado acaba parecendo, na medida do possível, com um quarto de uma menina normal, que era tudo que Natascha queria ser.

5 estrelas

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A Morte de Bunny Munro - Nick Cave


A Morte de Bunny Munro... Por onde começar? Acho que vou começar por: LEIA. Sim, LEIA.
O autor do livro, Nick Cave, é um artista multiuso. É mais conhecido como cantor e compositor, mas o australiano viaja ainda por roteiros, livros e trilhas sonoras. Uma mente inquieta, enfim. Esta mente inquieta se mostra brilhante neste livro. Mas é preciso avisar de antemão: o livro é bem pesado e explícito. Obsceno tanto na linguagem quanto no conteúdo sexual. Pessoas mais sensíveis deveriam evitar. Todo o resto, deve ler.
Trata-se da história de Bunny Munro, um caixeiro-viajante que mora no sul da Inglaterra. O decadente Bunny é alcoólatra e viciado em sexo, ambos vícios em graus altíssimos. Ele se aproveita de seu trabalho vendendo produtos de beleza de porta em porta para conhecer donas de casa solitárias e, quando não está trabalhando, bebendo ou fazendo sexo com uma mulher qualquer, está pensando em sexo. Correção: ou pensando em sexo ou se masturbando. Inclusive no banheiro da igreja no funeral da própria esposa. Bunny Munro é anti-herói assim.
Sua vida já não era muito normal, mas depois do suicídio de sua mulher Libby (que de normal também não tinha nada) Bunny passa a andar exatamente na linha entre realidade e loucura permanente. E pende para a loucura até cair nela com os dois pés. Soma-se a isso o fato de Bunny não saber lidar com a paternidade: ele simplesmente não sabe como cuidar do seu filho ou o que fazer com ele. Bunny Junior, no entanto, tem seu porto seguro: uma enciclopédia dada pela mãe que ele guarda com todo o cuidado do mundo. A inocência e a admiração do menino de 9 anos parecem ser o único fio de sanidade, se é que se pode chamar assim, que segura seu pai.
Bunny decide pegar a estrada com Bunny Junior, já que é a única coisa que sabe fazer, e carrega o filho com ele enquanto se aproxima cada vez mais do fundo do poço. Constantemente bêbado e cada vez mais confuso sobre o que acontece à sua volta, misturando alucinações com realidade, vai espalhando seu charme irresistível - as covinhas nas bochechas quando ri são parte dele - junto com seus produtos de beleza numa viagem mais e mais bizarra que não deixa o leitor largar o livro e culmina num final catártico.
A Morte de Bunny Munro já pressagia no título que não se trata de uma história feliz. Bunny é um personagem que não deveria despertar quaisquer sensações além de nojo, pena ou raiva; obsecado por Avril Lavigne e Kylie Minogue (mais precisamente certas partes delas), que parece não perceber ou não se importar com os sentimentos alheios. Mas apesar dos pesares, obscenamente apaixonante.
Repito: LEIA.

5 estrelas